Contaminação bacteriana em telefones celulares

Atenção, Cirurgião-Dentista, uso dos celulares compromete biossegurança nos consultórios

Os celulares fazem parte da vida das pessoas, de fácil mobilidade e de extrema necessidade estão sempre próximos à boca, aos ouvidos, aos olhos e, principalmente, às mãos, o que o torna um ambiente propício para o crescimento e proliferação de diversas espécies microbianas como como bactérias, fungos, entre outros. Além disso, os telefones estão presentes em todos ambientes como transporte público, sanitários, cozinhas, incluindo os estabelecimentos de saúde e, por isso, podem servir de reservatórios de patógenos, e atuar na disseminação de infecção nos consultórios odontológicos/cirúrgicos no atendimento ao paciente.

De acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Apucarana (FAP), em 2017, intitulado “Análise microbiológica em telefones celulares”, que teve como objetivo avaliar as formas de contaminação bacteriana, usando pesquisa bibliográfica e exploratória, através de análises microbiológicas por meio de 30 amostras, revelou que houve crescimento bacteriano em todas as amostras testadas, totalizando 100%. As possíveis bactérias encontradas nos testes bioquímicos foram Shigella sonnei, Yersinia enterocolitica e Escherichia Coli, que fazem parte da família Enterobacteaceae, uma das mais importantes famílias bacterianas e que compreende muitos dos patógenos isolados no homem e outros animais.

Os resultados das análises comprovam presença dos microrganismos do grupo coliformes que sugere a ação de manipuladores com higiene pessoal inadequada que podem causar a contaminação do alimento e das superfícies. Com relação ao homem, elas estão ligadas aos principais agentes de infecção hospitalar, e também constituem as principais causas de infecções intestinais. Por outro lado, a presença de Staphylococcus aureus está ligada ao fato de fazerem parte da flora normal de algumas pessoas, no entanto, em ocasiões que provoquem baixa imunidade, estas bactérias podem desencadear quadros de doenças infecciosas.

Já um outro estudo intitulado “Identificação de bactérias presentes em aparelhos celulares”, publicado na Revista Science in Health, em 2016, identificou bactérias presentes em 70 diferentes celulares. As colônias crescidas em meio ágar sangue passaram por análise de coloração de Gram e teste de catalase e as colônias crescidas em meio MacConkey passaram por teste bioquímico de identificação por enterokit B. A única bactéria encontrada no meio ágar sangue foi o do gênero Staphylococcus sp, sendo esta a bactéria com maior incidência encontrada (91%). As bactérias crescidas em meio MacConkey (bactérias gram-negativas) foram as seguintes: Serratia marcescens (7%), Citrobacter freundii (6%), Citrobacter diversus (4%), Escherichia coli (3%), Salmonella sp. (1%). Foi possível concluir que a taxa de crescimento bacteriano em aparelhos celulares é alta, tendo o estudo encontrado pelo menos um tipo de bactéria em 96% dos celulares estudados e que as bactérias gram-negativas (enterobactérias) foram encontradas em menor proporção comparadas a bactérias gram-positivas, porém todas elas possuem potencial patogênico.

As pesquisas demonstram que, de acordo com os resultados obtidos, a maioria dos indivíduos avaliados não realizam higienização correta dos aparelhos celulares, o que aumenta o risco de contaminação microbiológica e desenvolvimento de infecção.

Consultórios odontológicos

De acordo com a diretora do Departamento de Defesa de Classe da APCD, Patricia Venus Verissimo, e coordenadora da Comissão Estadual de Convênios e Credenciamentos, o celular não é equipamento próprio para fazer fotografia intraoral, uma vez que isso compromete a biossegurança, e sim para realizar outros tipos de imagens. “Nosso objetivo é orientar os Cirurgiões-Dentistas para que não usem o celular no consultório de maneira indevida a fim de minimizar os riscos de contaminação durante o atendimento aos pacientes".