Pacientes em foco - 01.07.2025
Implante dentário “inteligente” promete devolver sensibilidade aos pacientes
Nova tecnologia que está sendo desenvolvida por pesquisadores da Tufts University abre caminho para implantes com propriocepção, aproximando-se da função dos dentes naturais

Um avanço promissor na Odontologia está em desenvolvimento nos Estados Unidos: um implante dentário inteligente com potencial para restaurar sensações táteis como pressão, textura e temperatura. Diferente dos implantes tradicionais, que substituem a função mastigatória, mas não devolvem a sensibilidade, a nova tecnologia propõe reconectar o implante ao sistema nervoso do paciente — e os primeiros resultados são animadores.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Tufts University, em Massachusetts/EUA, e publicado em junho deste ano na revista Scientific Reports (abaixo imagens do trabalho). Nos experimentos com modelos animais, os cientistas conseguiram promover formação de terminações nervosas ao redor do implante em um período de apenas seis semanas, sem sinais de inflamação ou rejeição.
Tradicionalmente, os implantes dentários dependem da osseointegração — processo de fusão do implante ao osso maxilar ou mandibular — para garantir estabilidade. No entanto, essa integração óssea impede o retorno da sensibilidade tátil, uma característica dos dentes naturais que contribui para a percepção da força mastigatória e proteção contra traumas.
A proposta dos pesquisadores da Tufts rompe com essa lógica. Em vez da integração direta ao osso, o implante é instalado por press-fit (encaixe por pressão) e envolve-se com um material biodegradável composto por: células-tronco neurais; proteínas neurotróficas; e nanofibras expansíveis semelhantes a uma “espuma de memória”.
Essa composição favorece a vascularização e a regeneração nervosa, criando um ambiente propício para que os nervos ao redor do implante se reconectem com o sistema nervoso central.
Resultados e próximos passos
A pesquisa demonstrou que o novo tipo de implante permaneceu estável nos roedores, com sinais de regeneração nervosa local. O objetivo agora é testar o dispositivo em animais de maior porte, com anatomia mais próxima à humana, antes de iniciar estudos clínicos.
Segundo os autores, além do potencial na Odontologia, essa tecnologia pode ser aplicada futuramente em áreas como ortopedia e neurocirurgia, em implantes com feedback sensorial.
Embora ainda em fase experimental, o estudo representa um avanço importante na busca por soluções que tornem os implantes dentários mais fisiológicos e responsivos, com benefícios funcionais e de qualidade de vida para os pacientes.
A APCD seguirá acompanhando os desdobramentos dessa e de outras inovações científicas que transformam a Odontologia — sempre com o compromisso de manter os Cirurgiões-Dentistas atualizados com as evidências mais relevantes da área.
Por Swellyn França