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Trauma na infância é considerado fator de risco para sintomas emocionais e consumo de álcool em adultos com câncer de cabeça e pescoço - Portal APCD
APCD - Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas

Trauma na infância é considerado fator de risco para sintomas emocionais e consumo de álcool em adultos com câncer de cabeça e pescoço

Pesquisa detalhou dados clínicos e psicológicos em pacientes com os tipos mais comuns da doença

Estudos já revelavam que a ocorrência de traumas psicológicos na infância poderia influenciar o desenvolvimento de desordens emocionais na fase adulta como ansiedade e depressão. Porém, a relação do trauma na infância e aspectos psicológicos era pouco explorada em pacientes com câncer e os poucos estudos existentes tinham sido realizados em mulheres com câncer de mama. Por isso, a psicóloga Bruna Amélia Moreira Sarafim-Silva, estudante de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Unesp (Universidade Estadual Paulista), sob orientação do professor Daniel Galera Bernabé, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Psicossomática do Centro de Oncologia Bucal da Universidade, realizou em sua dissertação de mestrado um estudo que avaliou a associação da ocorrência de trauma na infância com dados clínicos e psicológicos em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. 

De acordo com o professor, o câncer de cabeça e pescoço (CCP) representa as neoplasias malignas localizadas na boca, laringe, faringe (orofaringe, hipofaringe e nasofaringe) e sítios remanescentes como glândula salivar, cavidade nasal e seios paranasais. É importante lembrar que o câncer de boca é o tumor mais frequente na região de cabeça e pescoço com a estimativa de 21.290 novos casos no Brasil em 2018, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). “O tipo histológico mais comum do CCP é o carcinoma espinocelular e os dois principais fatores de risco para a doença são o tabagismo e o alcoolismo. Os tumores de lábios geralmente estão associados à exposição excessiva à radiação solar ultravioleta. O câncer de boca acomete principalmente homens, com idade superior aos 40 anos de idade e sua principal apresentação clínica são úlceras ou erosões que não cicatrizam. Os pacientes com CCP podem apresentar sintomas de ansiedade e depressão no momento do diagnóstico e durante o tratamento da doença. Quando negligenciados, estes sintomas psicológicos podem interferir decisivamente a aderência e resposta do paciente ao tratamento oncológico”, adiciona Daniel. 

Pesquisa

Desenvolvimento, resultados e observações - Avaliações clínicas, dados biocomportamentais e psicológicos de 110 pacientes com diagnóstico de carcinoma espinocelular de boca, orofaringe ou laringe matriculados no Centro de Oncologia Bucal (COB) uma unidade auxiliar da Unesp, em Araçatuba (SP), especializada no tratamento do câncer de cabeça e pescoço, foram reunidos para o desenvolvimento da pesquisa, que foi publicada pela revista científica Cancer, uma das mais conceituadas na área de oncologia. 

Para avaliar a ocorrência de trauma psicológico a infância, os pesquisadores utilizaram questionários com perguntas específicas para cinco subtipos de trauma: negligência física (omissão de cuidados); negligência emocional (indiferença em relação às demandas emocionais da criança); abuso físico (comportamentos que levam a agressões corporais); abuso emocional (humilhações, insultos e agressões verbais); e abuso sexual (estupro). “A aplicação dos questionários psicológicos foi realizada em todos os pacientes antes do início do tratamento da doença. Os sintomas de ansiedade e depressão também foram avaliados por questionários padronizados”, explica o pesquisador.

A psicóloga e autora do estudo define o trauma psicológico como um dano emocional que ocorre como resultado de algum acontecimento ou experiência que gerou dor e sofrimento emocional. “Um trauma psicológico pode produzir uma exacerbação do medo, com aumento dos níveis de estresse e indução de alterações comportamentais. Um evento traumático ocorrido no período infantil produz maiores repercussões para o ser humano, visto que a infância é uma fase extremamente importante para a formação do cérebro e desenvolvimento das futuras funções físicas e emocionais do indivíduo.” Segundo Bruna Sarafim-Silva, já o trauma infantil é caracterizado por comportamentos que oferecem risco ao bem-estar físico e/ou emocional da criança, sendo estes comportamentos definidos por maus-tratos. “Os principais tipos de maus-tratos infantis são abuso físico, emocional e sexual e negligência física e emocional. O abuso é caracterizado por comportamentos em relação à criança que extrapolam as normas de conduta e/ou comportamentos que acarretam risco substancial de causar danos físicos e emocionais. Já a negligência é conceituada como a incapacidade de atender as necessidades básicas da criança, nos âmbitos físicos e emocionais”.

Com base nesses achados, o estudo indica que o trauma na infância é considerado fator de risco para sintomas emocionais dos pacientes oncológicos. O professor Daniel Bernabé, que tem como linha de a psicossomática e o câncer e estuda com sua equipe a influência dos fatores psiconeuroendócrinos e comportamentais sobre a progressão do câncer de cabeça e pescoço, complementa que “os pacientes que relataram maior ocorrência de eventos traumáticos durante a infância tiveram quase 12 vezes mais chances de apresentarem níveis aumentados de depressão no período pré-tratamento do câncer. Além disso, os pacientes que relataram terem sofrido negligência física na infância (por exemplo, ausência de cuidados básicos como alimentação, vestimenta, abrigo) tiveram quatro vezes mais chances de terem níveis elevados de ansiedade na fase pré-tratamento. E, por fim, a ocorrência de negligência emocional na infância (por exemplo, omissão de demonstração de afeto e carinho e ausência de suporte emocional) foi fator de risco para maior consumo de álcool na fase adulta em pacientes com câncer de cabeça e pescoço.” O alcoolismo e o tabagismo são os dois principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço. De acordo com os pesquisadores os resultados também revelaram que os pacientes que apresentavam a doença em estágio clínico avançado no momento do diagnóstico apresentaram maior ocorrência de negligência emocional em relação aos pacientes com a doença em estágio inicial.

A pesquisa indica ainda que cerca de 95% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço relataram terem vivenciado pelo menos um evento traumático no período infantil. O principal tipo de trauma, reportado pelos pacientes, foi a negligência emocional, como a ausência de afeto ou de apoio emocional. Pela primeira vez, foi demonstrada uma associação entre os diferentes subtipos de trauma na infância com dados clínicos, biocomportamentais e psicológicos de pacientes com câncer. Além disso, o estudo foi o primeiro a avaliar a influência do trauma infantil sobre os níveis de ansiedade em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Os pesquisadores observam que o estudo mostra a importância de compreender melhor o histórico de vida dos pacientes com câncer. “Acontecimentos adversos ou traumáticos ocorridos na vida do paciente, em especial no período da infância, podem interferir na sua resposta emocional após o diagnóstico da doença. Os resultados desta pesquisa motivam-nos a continuar o estudo do trauma na infância em pacientes com câncer, de modo a conhecermos profundamente a sua influência sobre os fatores de risco e a evolução da doença. Além disso, no futuro, pode ser essencial que equipes de saúde sejam treinadas para considerar o histórico de vida do paciente em suas abordagens terapêuticas”, pontua a psicóloga. 

Texto Fernanda Carvalho

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