Em 2012 a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade uma resolução proclamando o dia 20 de março como o Dia Internacional da Felicidade. Segundo a resolução, "A busca pela felicidade é um objetivo humano fundamental". A iniciativa das Organizações das Nações Unidas foi mais um dos movimentos em direção a um conceito que vem sendo amplamente estudado e aplicado em todo mundo - da ciência da felicidade e do bem-estar.
PIB ou FIB
Gaya Machado, doutoranda em Psicologia pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales – UCES, Argentina e especialista em Psicologia Positiva explica que a instituição do dia da felicidade era parte de uma campanha diplomática do reino do Butão, país que mede o desenvolvimento de sua nação através de um índice nacional de "felicidade interna bruta" – a FIB. “A FIB, Felicidade Interna Bruta, ou o Gross National Happiness (GNH) é um conceito de desenvolvimento social criado em contrapartida ao Produto Interno Bruto (PIB). O termo foi cunhado pelo rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, em 1972, como um compromisso de construir uma economia baseada no princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana surge quando o desenvolvimento psicológico e o desenvolvimento material são simultâneos e complementares”.
A especialista conta que o Brasil tem avançado muito no estudo do tema e participado de eventos internacionais, onde, os pesquisadores buscam trocar experiências e trazer as melhores práticas para adaptar à realidade brasileira e aplicar, nas mais diversas áreas. “Em 2016 tive a alegria de representar o Brasil no Encuentro de La Felicidad, maior encontro de ciência da felicidade e bem-estar da América Latina, que acontece em Santiago, no Chile. Lá, pude além de palestrar sobre como o Brasil vêm aplicando esta ciência nas mais diversas iniciativas, trocar experiências com alguns dos maiores pesquisadores da área na atualidade de países como Espanha, Chile, Argentina, México, Equador e, também, com Pema Wangda, ministro do trabalho do reino do Butão. Apesar de viverem em países com realidades tão distintas, todos tinham o mesmo objetivo: construir uma sociedade baseada em relações saudáveis e felicidade”, diz Gaya Machado.
World Happiness Report:- Os países mais felizes do mundo
Cientes da importância de um indicador amplo para medir a felicidade, as Nações Unidas também elaboram o World Happiness Report, um relatório com ranking global dos países mais felizes do mundo. A edição de 2017 será divulgada exatamente no dia 20 de março, para marcar as comemorações do Dia Internacional da Felicidade.
Na edição de 2016 foram analisados 156 países em áreas tais como economia, meio ambiente, psicologia, urbanismo, saúde, políticas públicas, entre outras. Os indicadores foram, então, somados para avaliar o nível de qualidade de vida da população de cada país. O Brasil estava em 17º lugar.
A proposta da ONU é de que o medir a felicidade e alcançar o bem-estar da população esteja na agenda de cada nação, de maneira que todos consigam alcançar as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Segundo Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute, da Universidade de Columbia, durante o lançamento do relatório de 2016, na Itália, “Os próprios objetivos incorporam a ideia de que o bem-estar humano deve ser alimentado através de uma abordagem holística, que combina elementos econômicos, sociais e ambientais. Ao invés de ter uma abordagem restrita, focada exclusivamente no crescimento financeiro, devemos promover sociedades que são prósperas, justas e ambientalmente sustentáveis”.
Gaya Machado reforça que investir em ações que aumentem os índices de felicidade de uma nação trazem benefícios comprovados pela ciência. “Pesquisas revolucionárias no campo da psicologia positiva e da neurociência comprovam que a felicidade precede o sucesso, e não resulta dele. Cultivar a positividade estimula nossa motivação, eficiência, resiliência, criatividade e produtividade. Consequentemente, melhora o desempenho e a realização e proporciona uma vantagem competitiva para pessoas, organizações e nações”, conclui.
Fonte: Maxpress