Dengue: a importância do adequado manejo odontológico

A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, que ocorre principalmente em regiões de climas tropicais e subtropicais. No Brasil, o Ministério da Saúde atualizou o cenário epidemiológico em março de 2024, com mais de 1 milhão de casos de dengue registrados e 214 mortes confirmadas. A rápida aceleração dos casos no início do ano está fortemente ligada às mudanças climáticas.

Diante do aumento alarmante dos casos, o Cirurgião-Dentista, como profissional da saúde, também deve estar atento às manifestações da doença para o manejo odontológico adequado do paciente com dengue, que deve ser individualizado, considerando a gravidade da doença e a necessidade de encaminhamento para avaliação médica quando necessário.

Segundo a diretora do Departamento de Estomatologia do Conselho Científico (COCI) da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD), Dra. Mônica Andrade Lotufo, que é especialista em Estomatologia e Diagnóstico Bucal, os Cirurgiões-Dentistas devem estar cientes de que a dengue é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus e que alguns pacientes podem evoluir para formas graves da doença. “Entre as manifestações clínicas que devemos observar estão as hemorragias orais, como sangramento gengival, placas ou manchas eritematosas e petéquias na mucosa bucal. No entanto, devido à semelhança dos sintomas com a doença periodontal, é crucial que o diagnóstico seja preciso”, ressalta.

As lesões na mucosa oral que a dengue pode provocar, causam desconforto durante a ingestão de líquidos e alimentos, o que torna o cuidado bucal ainda mais vital para esses pacientes. “Para garantir um atendimento seguro e eficaz é importante seguir protocolos específicos. Os Cirurgiões-Dentistas devem realizar uma anamnese detalhada e um exame físico intra e extrabucal minucioso. É essencial proporcionar um ambiente odontológico seguro para esses pacientes, especialmente devido à fragilidade vascular e diminuição do número de plaquetas, que podem causar hemorragias gengivais espontâneas", alertou.

Ela também destacou a necessidade de evitar certos medicamentos, como salicilatos e anti-inflamatórios não hormonais, devido ao potencial hemorrágico. "Nos procedimentos cirúrgicos, a formação do coágulo pode estar comprometida, por isso é importante ter cautela", acrescentou a Dra. Mônica.

Quanto à abordagem odontológica no manejo geral do paciente com dengue, a Dra. Mônica enfatizou a importância da interdisciplinaridade no cuidado à saúde. "O Cirurgião-Dentista deve estar atento ao diagnóstico da dengue e colaborar com outros profissionais de saúde. Nos casos mais graves, é fundamental aguardar o momento adequado para o tratamento odontológico, priorizando a saúde geral do paciente", concluiu.