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Pesquisadores do Hospital das Clínicas da USP desenvolvem tratamento com transplante de células-tronco para controlar diabetes. A terapia consiste em “desligar” o sistema imunológico do paciente através de sessões agressivas de quimioterapia. Os médicos introduzem na corrente sanguínea as células-tronco que foram retiradas, previamente, da medula óssea do próprio paciente.
Cerca de 21 pacientes obtiveram resultado positivo temporário: na média, o efeito terapêutico durou três anos e meio. “Percebemos que o problema foi a quimioterapia insuficiente. Então, nós sabemos que aqueles pacientes que voltaram a usar insulina é porque o sistema imunológico voltou a agredir o pâncreas”, explica a imunologista Maria Carolina de Oliveira Rodrigues.
Nova fase
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico destrói as células do pâncreas responsáveis por produzirem insulina. A partir da primeira fase do estudo, os pesquisadores descobriram que os pacientes que ficaram “curados” as células de imunidade foram menos ativas, ou seja, atacavam menos o pâncreas.
A descoberta abre caminho para melhorar os resultados do tratamento, com a promessa de deixar todos os pacientes livres das aplicações de insulina. Por isso, na segunda fase da pesquisa, o objetivo é aumentar a dose de quimioterapia com o objetivo de “apagar” quase que completamente o sistema imunológico. “A gente está tentando ver o que essa quimioterapia intensiva é capaz de fazer em longo prazo e o nosso grande desafio é manter o paciente sem insulina usando um protocolo de pesquisa que não seja tão agressivo”, diz o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, um dos coordenadores do estudo.
Inicialmente, participaram voluntários entre 12 e 35 anos de idade. Agora, a faixa etária é a partir de 18 anos, já que a quimioterapia é mais agressiva. Além disso, são exigidos pacientes com até seis semanas de diagnóstico, porque ainda têm entre 15% e 20% do pâncreas preservado, ou seja, produzindo insulina.
A imunologista destaca ainda que o tratamento só é eficaz se for aliado à mudança de hábitos do paciente, que precisa manter uma vida saudável, com controle rigoroso do colesterol, e deve ainda monitorar a taxa de glicemia diariamente. Isso porque, apesar de regular, nunca será como a de uma pessoa sem diabetes. “Depois do transplante, até aumenta um pouco essa produção, mas não fica normal, é o suficiente para controlar o açúcar do sangue, mas fazendo regime, exercícios físicos. Não pode ter uma vida desregrada”, completa Maria Carolina.
Fonte: G1