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Bruxismo: atualização dos conceitos, prevalência e gerenciamento - Portal APCD
APCD - Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas

Bruxismo: atualização dos conceitos, prevalência e gerenciamento

Relevância sobre o tema incorpora pesquisa que indica associação entre bullying verbal e possível bruxismo do sono em adolescentes

Você já reparou no quanto rangemos ou apertamos os dentes durante o dia? Seja por estresse, nervosismo, ansiedade ou, até mesmo, involuntariamente. Imagina o quanto isso não pode estar acontecendo a noite? Afinal, é difícil saber o que ocorre com o nosso corpo enquanto estamos dormindo. Por consequência, muitas pessoas não sabem que sofrem de um transtorno involuntário e inconsciente de movimento, caracterizado pelo excessivo apertamento (fortes contatos dentários, silenciosos e sem movimentos mandibulares) e/ou ranger dos dentes (contatos dentários promovidos por movimentos da mandíbula que podem gerar sons desagradáveis), mais conhecido como bruxismo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), na população mundial, cerca de 30% das pessoas têm a condição, logo, em alguns países, acredita-se que os casos de bruxismo estejam aumentando, talvez relacionados a um contexto de estilo de vida cada vez mais atribulado. Portanto, inúmeras pesquisas foram produzidas em cima do tema, abordando diversas vertentes. Uma em especial, publicada na revista internacional Journal of Oral Rehabilitation sugeriu que o bruxismo pode se manifestar quando crianças sofrem bullying. O artigo, “Is there an association between verbal school bullying and possible sleep bruxism in adolescents?” elaborado pelos pesquisadores Júnia Maria Serra?Negra; Isabela Almeida Pordeus; Patricia Corrêa?Faria; Lívia Bonfim Fulgêncio;  Saul Martins Paiva e  Daniele Manfredini, apresentou um estudo de caso-controle que foi realizado em nível populacional com 1344 adolescentes de 13 a 15 anos da cidade de Itabira, Minas Gerais, Brasil. A pesquisa constatou que o Cirurgião-Dentista pode ser um importante elemento para elucidar o bullying verbal escolar. 

Expandindo sobre o trabalho, Júnia Maria Cheib Serra-Negra, especialista, mestre e doutora em Odontopediatria pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professora associada do Departamento de Odontopediatria, coordenadora da área junto à pós-graduação da UFMG e autora principal do artigo, disserta que a ideia surgiu de um estudo prévio do grupo de pesquisa, em parceria com a psicologia da UFMG, que traçou o perfil psicológico da criança que range os dentes. Segundo a pesquisadora, são pessoas com alto nível de responsabilidade, ansiedade, dificuldade de lidar com conflitos e com a raiva, sendo assim, conter essas emoções e a autocobrança levam à tensões e estresse que podem ser extravasados pelo ato de ranger os dentes durante o sono. Júnia explica: “é como se a pessoa, ao dormir,  precisasse aliviar as tensões do dia. O adolescente vive um momento de muitas mudanças corporais e hormonais que refletem em seu estado emocional”.  

Para o desenvolvimento do estudo, foram contatadas todas as escolas da cidade de Itabira que tinham esta faixa etária. Todos os participantes responderam a um questionário sobre a ocorrência de seu envolvimento em episódios de bullying, com base na Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE). “Após aprovação do comitê de ética da UFMG foram distribuídos “Termos de Consentimento” para os pais e só participaram os adolescentes cujos responsáveis assinaram esta autorização. Além disso, os adolescentes passaram, também, por um exame da cavidade bucal. O diagnóstico do bruxismo foi baseado no relato dos pais e do adolescente”, diz. 

Com bases nos achados, 43.3% dos adolescentes relataram ter sido vítima e/ou agressores de bullying verbal e 90% eram do sexo masculino. A professora Júnia afirma que a pesquisa verificou que “adolescentes vítimas e/ou agressores de bullying teriam seis vezes mais chance de apresentarem bruxismo do sono quando comparados aqueles que não relataram envolvimento”.  

Partindo deste ponto, e considerando que o bruxismo pode ser avaliado como o mais prejudicial entre todos os comportamentos parafuncionais relacionados ao sistema estomatognático em adolescentes, como cita a pesquisa, ou em adultos e, por essa razão, é um assunto extremamente relevante para a Odontologia, o APCD Jornal conversou com a presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Maria de Lourdes Accorinte, com a Cirurgiã-Dentista, Naila Aparecida de Godoi Machado, doutora em Ciências Odontológicas Aplicadas pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP e com a professora da Faculdade de Odontologia da APCD, docente no programa de pós-graduação em Odontologia da Universidade de Taubaté (Unitau) e doutora em Odontologia Restauradora pela Faculdade de Odontologia do Instituto de Ciência e Tecnologia de São José dos Campos (ICT/Unesp), Rayssa Ferreira Zanatta, para pormenorizar sobre o tema que tem chamado atenção por suas diversas vertentes.
Conceitos, etiologia e fatores predominantes

Inicialmente, Naila Aparecida de Godoi Machado ressalta que “por definição, o bruxismo é uma atividade repetitiva da musculatura mastigatória, caracterizado pelo apertamento e ranger de dentes e/ou segurar ou empurrar a mandíbula. A presença do bruxismo pode ocorrer isoladamente ou concomitante a outros hábitos parafuncionais, tais como morder lábios, bochechas ou língua, roer as unhas, morder objetos, mascar chicletes, etc. De acordo com a manifestação circardiana, o bruxismo pode ocorrer durante o sono (bruxismo do sono) ou acordado (bruxismo em vigília)”. 

As causas do bruxismo ainda não foram completamente esclarecidas, mas sua natureza multifatorial indica o envolvimento de fatores fisiopatológicos, psicossociais, hereditários e genéticos. Além disso, alguns estudos sugerem que sua presença está associada ao estilo de vida, ansiedade, concentração, estresse causado por responsabilidades familiares ou pressão no trabalho. Rayssa Zanatta enfatiza que o comportamento pode ser classificadoem primário ou secundário. “O bruxismo pode ser secundário à condições como distúrbios do movimento como doença de Parkinson, distúrbios neurológicos (coma e hemorragia cerebelar), distúrbios psiquiátricos (estados demenciais e retardo mental), distúrbios respiratórios do sono como a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) e, ainda, pode ser  associado ao etilismo, tabagismo, uso de drogas, ingestão de cafeína, anfetamina e uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina) (ISRS) ou duais (venlafaxina)”. 

Sintomas, prevalência e diagnóstico 

Sobre os sintomas, Maria de Lourdes aponta que são variados dependendo da intensidade da parafunção. “Há desde desgastes dentários leves produzindo facetas de desgastes nos dentes, trincas no esmalte dentário, erosões cervicais, fraturas severas de dentes, raízes, restaurações, próteses, chegando até mesmo a fraturas de implantes.” A especialista aponta ainda que é comum encontrar marcas na mucosa jugal, língua (produzindo edentação nas laterais da língua). “Afinal, muitas cefaleias  podem estar relacionadas com a presença do bruxismo pela parafunção, pois os músculos temporais e masseteres - que são alguns dos músculos que elevam a mandíbula quando estão em parafunção - podem estar associadas às fortes dores musculares que se traduzem para o paciente como cefaleia ou mesmo dores irradiadas na face que muitas vezes se confundem com dores de ouvido, sinusites ou até mesmo como dores dentais”. 

O curioso é que o bruxismo nem sempre provoca sintomas, ainda que algumas pessoas sintam dores faciais, dores de ouvido ou de cabeça quando acordam, outras percebem, com o tempo, a erosão dos dentes, mas, em geral, só descobrem apenas quando visitam o Cirurgião-Dentista. Segundo Rayssa Zanatta, os pacientes com bruxismo muitas vezes desconhecem a presença do hábito sendo frequentemente alertados pelo Cirurgião-Dentista. “O profissional de Odontologia é capaz de identificar durante o exame clínico, os sinais e sintomas que são marcadores da atividade de ranger dos dentes e do hábito de apertar. Esses sinais e sintomas incluem hipertrofia dos músculos masseter e temporal, edentação da língua, desgaste dos dentes, sensibilidade nos músculos da mastigação ou dor à palpação digital e relatos de dor de cabeça na manhã. Apesar da investigação ser extremamente válida, nenhum desses sinais e sintomas são patognomônicos, ou seja, não constituem prova direta da atividade de bruxismo”. A Cirurgiã-Dentista exemplifica: “embora o desgaste dentário seja amplamente relatado na literatura como o sinal dental clássico do bruxismo (tanto acordado quanto durante o sono), ele pode estar relacionado a muitos outros fatores que podem induzir desgaste e biocorrosão nas superfícies dentárias (idade, oclusão condições, características do esmalte, dieta, bebidas carbonadas, medicamentos, refluxo gastroesofágico e distúrbios alimentares)”. Outro método de investigação é a aplicação de questionários envolvendo a presença de outros hábitos parafuncionais e condições no qual o bruxismo pode ser secundário. A Cirurgiã-Dentista acredita que “o método mais confiável para a detecção e diagnóstico do bruxismo é o monitoramento da atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação, entretanto esse exame ainda apresenta dificuldades em seu emprego 
em larga escala”. 

Rayssa destaca também que “a avaliação da qualidade de vida dos pacientes e identificação de situações que podem estar relacionadas ao desencadeamento do bruxismo em vigília ou do sono deve fazer parte da rotina do Cirurgião-Dentista, visto que este pode ser o primeiro a identificar a ocorrência dessa condição”. Além disso, Maria de Lourdes observa que as pessoas descobrem que tem bruxismo quando vão ao Cirurgião-Dentista, contudo, “muitas efetuam uma verdadeira peregrinação em consultórios médicos e laboratórios investigando causas de cefaleias, dores de ouvido e até mesmo garganta. Dores que se assemelham a sinusites, cervicalgias, etc., antes de conseguirem um diagnóstico efetivo, o qual muitas vezes é uma disfunção temporomandibular, cujo agente causal pode ter sido o bruxismo. Assim, a informação da população quanto a essa 
possibilidade é essencial”. 

Gerenciamento, tratamento e qualidade de vida

Em relação às estratégias de controle do bruxismo, a conscientização do paciente para o problema deve ser sempre o primeiro passo, seguido da adoção de medidas que visem mudança comportamental do paciente. “A educação do paciente para que não encoste seus dentes durante o dia e controle outras parafunções é indicada nos pacientes com bruxismo em vigília”, adverte Naila Machado. A especialista indica que usar de artifícios para que o paciente se recorde de evitar este comportamento com o uso de adesivos, despertador ou até mesmo aplicativos de celular para auxiliar na ruptura desse hábito é recomendável. “As estratégias de orientação visam reduzir o estresse e melhorar o sono, como a prática de esportes, por exemplo. Associado a isso, o uso de placas estabilizadoras durante o sono, visam proteger as estruturas dentais do desgaste provocado pelo ranger destes”, aponta. 

Naila adiciona ainda que as técnicas de relaxamento, higiene do sono, hipnoterapia e terapias cognitivo-comportamentais podem também ser utilizadas. “Por conseguinte, o profissional deverá informar ao paciente sobre as possíveis consequências do bruxismo e conscientizá-lo da possível nocividade do hábito, buscando estabelecer uma efetiva e constante comunicação com o intuito de proporcionar com eficácia o controle do bruxismo”. 

Ainda que a causa específica do bruxismo não esteja clara, Maria de Lourdes Accorinte menciona que hoje a literatura já não considera como fator predisponente as alterações oclusais, as maloclusões ou os contatos oclusais prematuros. “Ao invés, cada vez mais estudos têm reforçado o papel do sistema nervoso central na gênese de movimentos musculares repetitivos, sendo o desequilíbrio de neurotransmissores relacionados ao controle motor, como a dopamina e a serotonina, e de hormônios relacionados ao estresse crônico, como o cortisol, alguns fatores etiológicos citados.” Mas, adverte: “não existe tratamento medicamentoso específico para o bruxismo”. 

O tema da matéria de capa da Revista da APCD da edição de maio/junho/julho de 2018, aborda Disfunção Temporomandibular e Bruxismo, e traz diversas evidências científicas sobre o assunto. Baixe já o aplicativo disponível para Android e iOS e confira!

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// Texto Fernanda Carvalho //

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